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POR UMA NEGOCIAÇÃO MENOS ORDINÁRIA


Desde janeiro, as negociações salariais patinam na recusa dos patrões em discutir seriamente o aumento dos salários dos professores. Essa intransigência, em uma conjuntura tão favorável para a rede privada, não tem desculpas, mas evidencia a falta de respeito com os professores.

Nós reivindicamos a reposição da inflação e mais a metade dela, a título de aumento real. E eles assoviam para cima.

Se a coisa estivesse realmente feia para o lado deles, vá lá. Mas não há um só número na constelação de índices veiculados pela imprensa que não comprove o contrário.

Na educação básica, o reajuste das mensalidades supera – mais uma vez - a inflação. A inadimplência é a menor dos últimos seis anos. Reclamam de quê? Choramingar que a coisa não vai bem é, no mínimo, hipocrisia.

Os mantenedores do ensino superior também choram de barriga cheia. A expansão da rede insiste em revelar o grau de vitalidade do segmento no estado de São Paulo: entre 1996 e 2006, o número de matrículas aumentou 100%.

O ambiente selvagem de competição foi resolvido com a “liquidação” das mensalidades, feita à custa dos professores, com aviltamento dos salários, superlotação das classes e exploração cada vez maior do trabalho docente. Sem alterar as margens de lucro das mantenedoras.

Diante desse quadro, como respondem os patrões? Da pior maneira possível...

A proposta do SIEEESP – limitada à mera reposição da inflação (4,66%) mais participação nos resultados – joga a negociação para o subsolo, num nível abaixo do aceitável. Para os donos de escola de educação básica, só as mensalidades podem ser reajustadas acima da inflação. Nunca os salários!

A truculência se repete no SEMESP, que insiste em condicionar a discussão dos salários a mudanças em conquistas históricas dos professores, como plano de saúde, bolsa de estudo e garantia semestral de salários. Essa é a palavra de ordem dos patrões: só começam a falar de reajuste quando – e se – a categoria ceder em seus direitos.

Com esse nível de intolerância e desrespeito pelos professores, os dois sindicatos patronais esperam passar por cima de reivindicações legítimas e justas. Ao se recusarem a discutir um reajuste salarial decente, eles degradam ainda mais o trabalho docente e alimentam a instabilidade nas escolas.

Os professores exigem respeito. E esperam por uma negociação onde impere, sobretudo, a dignidade!



FEPESP e SINPROs, em 20/03/2008.

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